Escultura e Religião
Escultura e Religião
A escultura e as crenças religiosas
Escultura e Religião
A escultura e as crenças religiosas
Publicado a 16 de julho de 2020
Escultura e Religião
A escultura e as crenças religiosas
Publicado a 16 de julho de 2020
A escultura e as crenças religiosas
Publicado a 16 de julho de 2020
Publicado a 16 de julho de 2020
Texto Marco Acúrcio
Texto Marco Acúrcio
Texto Marco Acúrcio
Texto Marco Acúrcio
Whiplash e Cisne Negro
“O perfeccionismo é um perigoso estado de espírito num mundo imperfeito” – Robert Hillyer. Verdadeiramente perigoso, o ideal da perfeição é para muitos uma aspiração profunda, tal como para os nossos protagonistas. Nina, a jovem e inocente bailarina que tem a sua trágica história contada em Cisne Negro (2010), e Andrew, o ávido estudante de bateria em Whiplash (2014), são provavelmente duas das personagens mais ambiciosas e diligentes da história do cinema. Tanto Whiplash, como Cisne Negro são produções extremamente aclamadas pela crítica que levaram a vitórias ao Oscar em categorias de atuação e a nomeações na categoria de melhor filme, entre outras. Apesar do baixo orçamento com que foram produzidos, ambos os filmes conquistaram o público, faturando imenso em bilheterias ao redor do mundo.
Whiplash e Cisne Negro são completos paralelos cinematográficos. As longas-metragens têm, desde a primeira cena (imagem abaixo), semelhanças muitíssimo evidentes no seu enredo, contando essencialmente a mesma história em mundos da arte diferentes. Tal não significa que cada um não seja uma obra prima única, com personalidade própria e extrema relevância para a comunidade cinéfila. Inclusive, estas divergências observam-se bastante nas suas trilhas sonoras. Whiplash como retrata a história de um estudante de jazz, adquire mais esse mesmo género musical, enquanto em Cisne Negro é mais utilizada a clássica, mesmo fora de cenas de bailado, o que confere ao filme uma atmosfera bastante dramática e misteriosa.
Ambos retratam a história do artista em busca de grandeza, sucesso e perfeição, uma jornada que começa pela formação do seu desejo por algo maior. No caso de Andrew, o seu desejo é conquistar um lugar na melhor banda do seu conservatório, um dos mais prestigiosos do país, o que será o primeiro passo para concretizar o seu sonho de se tornar uma lenda do jazz. Já Nina encontra-se em audição para o papel de Rainha dos Cisnes, no clássico bailado O Lago dos Cisnes, um papel que lançará a sua carreira para novas alturas. Este desejo, que impulsiona os protagonistas a trabalharem arduamente, não é a origem do seu complexo por grandeza. Este sempre esteve presente, e sempre influenciou o seu trabalho e decisões de vida, mas é com a introdução destas oportunidades únicas que este passa a comandar por completo a vida de cada um. É também percetível que a grande obsessão por grandeza dos protagonistas se relaciona intimamente com um medo de mediocridade. Mediocridade esta que é introduzida em ambos os filmes através dos pais de Nina e Andrew, indivíduos que nunca chegaram ao topo do seu ramo e vivem uma vida monótona e ordinária.
Concretizar os seus desejos iniciais não demora muito, Nina consegue o papel e Andrew consegue entrar para a banda. Atingi-los nunca foi o grande propósito dos filmes, mas sim retratar como cada uma das personagens lida com a sua nova realidade à beira do sucesso. A sua busca pela perfeição, num ambiente extremamente competitivo, e a tentativa de constantemente superar expectativas leva Andrew e Nina a entrarem numa espiral de comportamentos autodestrutivos. Em ambos os casos, a pressão que sofrem por parte dos seus mentores, de quem mais anseiam aprovação, é o que desencadeia estes comportamentos. Em Whiplash, Fletcher, o mentor verbalmente abusivo de Andrew, exige que este toque com uma velocidade e precisão que nunca lhe haviam sido exigidas antes. Como o seu novo propósito de vida é agora impressioná-lo, Andrew começa a praticar de forma excessiva, adquirindo até ferimentos nas mãos de forma regular, que surpreendentemente não o impedem de continuar a aperfeiçoar a sua técnica dia após dia. Nina também enfrenta um grande desafio, pois foi decidido por parte de Thomas, o diretor da sua companhia de bailado, que não só teria de interpretar o cisne branco, como também o cisne negro, entidades completamente antagônicas. Nina tem o perfil perfeito para dançar o cisne branco, é inocente, pura, vulnerável, no entanto o papel de cisne negro exige tudo o que não possui: ousadia, um caráter sensual, soltura, audácia, irreverência, etc. Nina começa a ter alucinações à medida que luta para tentar viver o papel de cisne negro, e passa a não conseguir distinguir a realidade da ilusão, colocando-a numa situação perigosa para si e para os demais.
A frustração e exaustão dos protagonistas posiciona-os à beira do penhasco, simplesmente à espera do último empurrão, mas é aqui que os filmes divergem. Andrew é capaz de escapar aos seus comportamentos autodestrutivos, enquanto Nina torna-se vítima do seu próprio perfeccionismo. Sem tentar entrar numa descrição muito detalhada do terceiro ato de cada filme, no sentido de preservar a experiência de visualização dos interessados, ambos os finais ilustram impecavelmente as consequências da obsessão pela perfeição, e não só o sucesso que os protagonistas acabaram por alcançar, mas também todo o sacrifício que com ele veio. Cisne Negro até sugere que talvez com a absoluta perfeição venha o absoluto sacrifício, ou por outras palavras – a morte.
Concluindo, estes são dois filmes magnificamente produzidos, com grandes atuações, roteiros impecáveis, trilhas sonoras cativantes e de grande valor e relevância numa sociedade como a que nos encontramos. Mas acima de tudo, estas são duas histórias com uma mensagem comum muitíssimo valiosa: o caminho para a perfeição é atordoado, e apenas aqueles dispostos a sacrificar tudo é que o completam.
Texto por Tomás Boaventura
Ilustração por Karolina Ivanova
"E o teatro português? Como irá resistir à Pandemia?"
Certamente muitos de nós já fomos ao teatro, quer tenha sido em visitas de estudo ou em idas com a família. Mas, na situação atual, e com as restrições impostas para a nossa segurança, os teatros, infelizmente, tiveram de encerrar.
Não significa isto que interromperam a sua atividade, antes pelo contrário: desde a chegada do vírus que os teatros, atores, dramaturgos e encenadores portugueses têm lançado várias iniciativas para manter a cultura viva (ou pelo menos viva o suficiente para sobreviver).
Uma destas iniciativas foi criada pelo ator Raúl de Orofino, que faz teatro em casa das pessoas há mais de 30 anos. Em tempos de pandemia, o autor oferece adaptações de obras tais como as fábulas, numa espécie de crítica social que apela a que olhemos mais para os outros e para a maneira como agimos perante eles. Fá-lo tanto ao domicílio como online através de marcação prévia. O próprio ator chama-lhe “uma boa pizza, (…) um delivery (…)” em entrevista à TVI24.
Os teatros também não ficam atrás: o Teatro Aberto tem disponível no seu site diversas peças que podem ser vistas por todos, sem qualquer custo; já o Teatro Nacional D.Maria II é o grande pioneiro do teatro online, tendo criado vários movimentos em prol da cultura: o “D.Maria II em Casa”, que consiste na apresentação ao público de peças de teatro para todas as idades; a “Salinha Online”, que pode ser caracterizada como uma espécie de sessões de improviso teatral online e de leitura de textos para crianças de autores tanto lusos como estrangeiros; o “Clube dos Poetas Vivos”, sessões de leitura de poemas e outros textos para os espectadores; e ainda o TEATRA, um podcast com novos convidados do mundo do teatro a cada episódio sobre cultura, teatro e os seus intervenientes.
Deixo-vos então com estas sugestões e um pequeno conselho: aproveitem, porque não é todos os dias que se vai ao teatro no conforto do nosso sofá!